terça-feira, 6 de março de 2012

Bandas cover

uma palvrinha sobre elas
por Nina Puglia
17 de fevereiro, 2012


Ao contrário do que alguns aí pensam, não tenho nada contra banda cover. Eu mesma já tive banda cover e sei que existem bandas cover muito boas, sei que muita gente investe muito nas bandas, e sei que, muitas vezes, é com elas que matamos nossa vontade de ver nossas bandas preferidas. E não existe problema nenhum nisso. O problema, na minha opinião, existe quando estas bandas tem mais espaço e mais entusiastas que as bandas autorais. Pra mim, isso ta errado. E por vários motivos.

O primeiro deles é que, por mais que gostemos, imitar algo que já existe não traz nenhuma novidade. E sempre, SEMPRE MESMO, é melhor ver o original, não é? E isso vale pra tudo: banda, camiseta, tênis…

Algumas pessoas usam o argumento “não vou porque nunca ouvi falar nessa banda”. De fato, as bandas autorais, em sua maioria, não são conhecidas. Mas vamos raciocinar: se você nunca vai ao show dessas bandas porque você não as conhece, a menos que você seja um pesquisador inveterado de música, você nunca vai conhecer mesmo. E sem pessoas novas vendo o show, esta banda realmente nunca vai conquistar um público maior do que os amigos dos integrantes e, consequentemente, nunca vai ser “conhecida”. A questão é, literalmente, estar aberto a conhecer bandas novas e não ter medo de gostar de bandas dos seus amigos ou bandas da sua cidade. Eu te garanto que tem bandas muito boas onde você mora e que você nem tem ideia. 

Se você pesquisar a história de QUALQUER banda “grande”, vai ver que o início de todas elas foi igual ao das bandas que você rejeita na sua cidade. Um Black Sabbath, um Metallica, um Beatles da vida não nasceram e nem ficaram famosos da noite pro dia. Eles tocaram em muitos pubs pra 6 pessoas antes de virarem o que são. E viraram o que são porque algumas dezenas de pessoas um dia estiveram dispostas a ouvir coisas novas e atraíram mais outra centena de pessoas para ver o show “de uma banda legal que vi no bar outro dia”. E aposto que muitos que em 1968 deixaram de ir ver um show do Black Sabbath naquele boteco de Birminghan, quando viram a banda despontando para o mundo, passaram a ouvir e gostar “porque a banda é conhecida” e até começaram a encher o peito pra dizer “é lá de Birminghan, a minha cidade”. 

Por isso que, seguindo este raciocínio, acho um absurdo que festivais encham sua programação com cover. Ora, em tempos de mudança de paradigma na indústria fonográfica, o festival se tornou a maior vitrine que existe para as bandas “novas”. É uma oportunidade valiosa que esta banda tem de tocar e mostrar sua qualidade (ou a falta dela, em alguns casos) pra mais de 6 pessoas no pub e, com isso, aumentar as chances de se tornar uma banda “conhecida” o suficiente para merecer a atenção do público de sua própria cidade. A banda cover não precisa disso. Basta dizer “hoje tem Metallica cover no bar do Zé, vamos?”. O cara que curte Metallica vai e pronto. Nem conhece a banda, nem sabe se é boa, mas vai. Porque a vontade é de ouvir Metallica e não de ver aquela banda em si.

Portanto, pense nisso você, que faz parte da meia dúzia de pessoas que vai ler isso (quem sabe um dia eu vire uma blogueira “conhecida”): não tenha medo do novo. Não tenha medo daquela banda que vai tocar essa noite naquele bar de rock. Não seja você também um desses hipócritas que nunca tirou a bunda do sofá pra ver o show da banda X e quando ela aparece na trilha sonora da novela, diz pra si e pros outros “daqui de Brasília, ó!”. 

Tem muita coisa ruim no mundo, é verdade. Mas a gente sempre pode se surpreender. E não tem nada mais gostoso que ver um bom show, se divertir, e sentir orgulho de pensar que a sua cidade está produzindo e exportando coisa de alta qualidade. E na pior das hipóteses, se não der mesmo pra aturar o som, uma cerveja e um bom papo com os amigos sempre salva a noite.


Texto retirado do blog http://www.mixolidio.tumblr.com

0 comentários:

Postar um comentário