quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

STEVEN TYLER: “ESTAREI NO AEROSMITH PARA SEMPRE”

Fonte: Billboard
O website da “Billboard” conduziu uma extensa entrevista com o frontman do Aerosmith, Steven Tyler, que dentre outros assuntos falou sobre sua participação no “American Idol” e avisou: “Estarei no Aerosmith para sempre”.
Confira a entrevista completa, em português, no IMPRENSA ROCKER!
Ninguém teria culpado o frontman do Aerosmith, Steven Tyler, por pendurar as encharpes coloridas e tirar longas férias no início do ano passado – ele voltou de uma reabilitação e de uma longa turnê, após fazer as pazes com seus companheiros de banda, depois de uma guerra de palavras em 2009. Mas ao invés disso, ele assinou contrato para ser jurado no “American Idol”, um show mais conhecido pelo exibicionismo vocal e maquiagens do que pelo Hard Rock. Apesar das perguntas sobre como a gangue de Tyler, Jennifer Lopes e Randy Jackson irá soprar nova vida ao programa, ele diz que está se divertindo muito como jurado, e está convencido que irá descobrir a próxima lenda da música.  
Então você não era um fã ou um telespectador regular do “American Idol” no passado…
Eu não assistia muito ao “American Idol”, e minha opinião sobre ele, naquela época, era, “como você pode tirar algo daí?”. Não é que eu não era um fã do programa, eu apenas acreditava que a única forma de você conseguir era trabalhando duros nos clubes, cheirando o suor, cantando na fumaça e se polindo. Alguns destes garotos que eu vi cantando… Eu quis dizer, “espere um pouco. Então, onde você cantou antes daqui?”.

Algo em particular mudou sua impressão?
Quanto mais eu assistia o conteúdo do “American Idol”, eu percebia que alguns deles cantaram na igreja. Bom, sabe de uma? Eu também cantei. E eles cantaram em teatros pequenos – que nem eu. Assim com foram todos os grupos antes do Aerosmith (risos). Bandas de segundo escalão, ou seja lá como chamem todos estes grupos em treinamento. Então meu lance era: “Eles não treinaram, como eles se atrevem?” E sabe de uma coisa? Eu estava errado, porque o que me inspirou? A igreja e o refeitório na escola. Eu tomava porrada por ter cabelo comprido, recebia cusparadas, mijava nas calças e tudo mais. Mas eu mostrava para eles no refeitório. E este é o refeitório dos Estados Unidos. Todo mundo liga a TV após o jantar e assiste ao “American Idol”.

Quando você começou a pensar que ser um jurado do programa poderia ser uma opção?
Eu falei com meu empresário, Allen Kovac, um ano atrás e disse, “isto é algo no qual gostaria de fazer”, então ele começou a ver isso. Mas enquanto isto, eu dei entrada no centro de reabilitação “Betty Ford” por três meses, e quando saí do buraco, me encontrei com os produtores e compositores Marti Frederiksen e Kara DioGuard, para escrever esta canção para este programa japonês (“Love Lives”, de “Space Battleship Yamato”). É enorme.

Como é sua relação profissional com Kovac?
Ele realmente é bem diferente, e o que me atrai nele é que ele é esperto no que pensa e no que vê. Sem brincadeira, eu o encontrei por uma semana e estávamos conversando sobre se ele seria meu empresário, e ele disse, “o que você realmente quer”? E eu disse, “bem, quero ajeitar as coisas com o Aerosmith. Não importa o quê, a banda é a prioridade. E então ter alguma coisa em paralelo para fazer”. E estava indo falar em faculdades – por muito dinheiro, acredite. Era bem atrativo. Mas eu disse, “Nada com o Aerosmith. Precisamos sair e cuidar de uns negócios. E me arrume outra coisa. Eu não sei, algo como o ‘American Idol’” E Deus sabe que eu tive um pouco de culpa nesta coisa do Aerosmith. Não o deixarei cair. Temos estado casados um com o outro por 40 anos, e coisa deste tipo sempre acontece.

Qual foi o próximo passo?
Recebi uma mensagem de Kara por volta de Julho, quando estávamos em turnê na França, perguntando: “Você já pensou em ser um jurado do ‘American Idol’”? E eu pensei, “Estou em frente a não menos do que 80 mil pessoas por noite. Posso fazer aquilo? Eu gostaria de fazer aquilo? Metade das coisas que fiz em minha vida, apenas entrei meio como cego.

Como você respondeu a esta mensagem?
Eu respondi, “como está o ibope?” (risos). E então minha curiosidade começou a aflorar… Eu vivo como Dylan disse: (Tyler começa a cantar) “Gather ’round people throughout the land, and don’t criticize what you don’t understand” (Nota do Tradutor: A tradução fica: “Se juntem todos do lugar, e não critiquem o que não entendem”). Então comecei a fazer perguntas e descobri o que estava acontecendo. Sempre achei que J-Lo seria legal. Pensei que seria uma boa combinação.

Que tipo de conselho Kara lhe deu?
Ela e Marti disseram, “você seria perfeito para isto”. Eu pensei, “Merda, eu posso ir para lá e certamente saberia quando alguém é real. Eu poderia escutar sua alma e coração, porque eu sou um visionário periférico, sabe? Geralmente eu não olho diretamente para algo. Eu gosto de saborear o que não vejo.

Você teve alguma hesitação?
Foi difícil para eu fazer um julgamento, porque eu vivo no medo. Eu pego o medo – medo de subir no palco, medo de compor, medo de viver com um grupo de caras – e o transformo nas coisas mais positivas, como o mundo sabe. Então sempre foi, se você for ao fundo da questão, medo de conquistar. Então qualquer hesitação com relação ao “American idol” foi apenas, “espere, quantas pessoas? Para onde vamos? E o que fazemos”? E então me encontrei com Randy e aquilo terminou a partir daquele momento, porque ele foi tão honesto e aberto, e após cinco minutos ele era o irmão que eu nunca havia conhecido.

Kid Rock recentemente questionou o fato de você estar fazendo o “American Idol”. O que você diz sobre isso?
Kid Rock estava lá quando fomos à Casabranca (em 5 de dezembro para tocar no tributo a Paul McCartney no “Kennedy Center Honours”). Eu olhei para ele e disse, “quer saber de uma coisa, não vou discutir com você, cara. Se eu concordasse com você, nós dois estaríamos errados” (risos). Olhe, nós todos somos o resultado do que fomos, e ele certamente teve uma vida dura. Ele tem um single saindo e é como um animal grávido. Quando você tem um álbum, você quer protegê-lo. Você quer fazer qualquer coisa para fazer o álbum acontecer. Eu sei que por dentro os comentários dele não significam merda nenhuma. Não significa nada no grande esquema das coisas. É televisão. Nunca fiz isso e será divertido, e se por minuto ele pensa que isto irá destruir minha carreira… Eu quero o que ele está fumando.

Como é ser avaliado por estar no “American idol” com relação a ser avaliado por estar no Aerosmith?
Bom, o programa ainda não foi ao ar. Assim que for, estarei num microscópio. Mas estou tão acostumado a estar no microscópio, seja ao cair do palco – não sei se o público realmente quer saber se eu fiz cirurgias nos dois pés – ou que, sim, sou viciado em drogas e alcoólatra desde os anos 70. Você tem a banda procurando por outro vocalista e tudo mais. Mas ser avaliado? Que venham. Eu vivo para isto. Eu saí de meu terapeuta na reabilitação dizendo que “meus melhores pensamentos me colocaram aqui”, a ter o presidente me dizendo, na Casabranca, “o que você está fazendo aqui?” (risos). Foi fabuloso. Estou tão ocupado fazendo milhões de coisas, que as pessoas não sabem o que pensar. Não preciso ser validado pela opinião de outra pessoa. Isto irá durar três anos se eu continuar, ou quarto meses se eu só fizer este ano. Mas estarei no Aerosmith para sempre.

O que você quer ver num futuro candidato do programa?
Aquela coisa que não pode ser definida. Quando eu acerto uma canção (ele canta a introdução de “Jaded”), eu penso, “merda! De onde isto veio”? Ou (canta “Sweet Emotion”), e penso, “Meu Deus, aqui está”! E seja lá de onde esta mágica venha, é o desconhecido. Você não pode colocar as mãos nisto. Não pode dizer, “bem, cante na igreja e você será um ótimo cantor”. É uma coisa desconhecida.

Então você não procura por um cantor tecnicamente perfeito…
Algumas das estrelas por aí podem não ser os melhores cantores, e algumas podem ter, você sabe, uma qualidade peculiar. Apenas veja Lady Gaga, veja Mick Jagger e olhe para mim; o personagem que você se torna, que sua música lhe permite ser… Isto é o que estou procurando. Aquela coisinha peculiar. N~]ao é apenas uma boa voz. Não é apenas o visual. É o pacote complete.

Cerca de quantos cantores você já viu nas audições até agora?
Uau… 700.

E destes 700, quantos te impressionaram por terem aquela qualidade “da alma”?
Vinte… E por falar nisso, destes 20 que Randy, J-Lo e eu gostamos, apenas 10 continuam. Porque eles se apresentam, e nós assistimos e dizemos, “por que você escolheu este tom?”, “quem lhe disse para cantar esta música?”, “você estava bem melhor na semana passada”!… Isto é terrível. E me dói o coração dizer estas coisas. Eu não fui criado assim… Tenho que me lembrar que estamos procurando por um “ídolo americano” – algo que é bom pra caralho, e é exatamente assim que me julgo e julgo as canções que escrevo com Joe Perry. 

Os candidatos têm mostrado melhoras nas primeiras rodadas?
Quando chegamos à “Hollywood Week”, de repente eles estavam se apresentando com uma banda, e eu fiquei, “meu Deus! A produção realmente é essencial, porque a principio eles cantavam sozinhos, mas junto com a banda, com baixo e bateria… Elevou o que eu estava ouvindo para a estratosfera.

Você tem um candidato preferido no momento?
Sim. Não tenho certeza se posso dizer. Não tenho permissão, e isto pode os desqualificar. Eu realmente ainda não sei as regras, então eu adoro quebrá-las.

Você se diverte quando as câmeras estão desligadas?
Você não tem idéia das merdas que acontecem. Eu sempre esqueço que temos um microfone de lapela ligado, e toda vez que me inclino para J-Lo e digo algo – peço uma ajuda no julgamento de algo que ainda não aconteceu ou pergunto a um candidato, “você comeu lascas de tinta quando era criança?” – sai tudo no microfone.

Você já conhecia Jennifer Lopez antes disto?
Não. Eu estava voltando pra casa, vindo de Donnington (Inglaterra, onde o Aerosmith havia sido a atração do “Download Festival em junho de 2010). E havíamos acabado de concluir a Europa. Fizemos Veneza, e voamos para casa de Veneza. E estou no avião. Estou assistindo a este filme – “Plano B” – com J-Lo. O nome dela havia surgido uma vez antes (durante as primeiras conversas sobre o “American Idol”), assim como o meu nome, e tínhamos que participar de várias conversas. Então assisti “In Living Colour” e “Jenny From The Streets” ou qualquer coisa que ela havia feito antes, e ela era, para mim, uma garota da rua de verdade. Ela era real, tão embebida em sua cultura, que isto é tudo que ela representa. Ela é o que há da cultura latina. Ele é durona, e também tem um grande coração e, para o bem ou para o mal, ela fala o que pensa. Ela é uma fêmea alfa. 

Quando os garotos estão participando da audição e alguém entra vestido como um carro, nós dizemos “que porra você está fazendo”? E eu adoro. Adoro interromper o programa com pequenos incêndios de “merda”. Randy fala, “este é um programa de família”! É muito engraçado. J-Lo também, ela diz o que pensa, e eu gosto muito disto. Por isso que disse que ela é uma fêmea alfa… E eu sento ao lado dela por toda a noite.
Randy te chama de “dawg” (N.T.: corruptela da palavra “dog”, que significa “cachorro”)?
(risos) Ele chama todo mundo de “dawg”. Ele é uma figura, e eu amo o personagem dele.

Jimmy Iovine, presidente da “Interscope Geffen A&M”, será um conselheiro no “American Idol”. Você já o conhecia antes do programa?
Eu conheçi Jimmy quando ele era operador de fita nos estúdios “Record Plant”, em Nova Iorque, quando fazíamos o “Toys in The Attic” em 1975. Eu lembro dele no estúdio com o produtor Jack Douglas. Costumávamos chamá-lo de “shoes” (N.T.: em português fica “sapatos”). Este era seu apelido na época, e olhe para ele agora.a

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